quinta-feira, 26 de novembro de 2009

PATRICIA POLAYNE NA UFS(27/11) E EM LARANJEIRAS(28/11), ÀS 21 HORAS

Patrícia Polayne apresenta ‘Circo Singular’ -

assista Patricia aqui


Cantora lança seu primerio CD, trabalho 100% autoral, e a partir de agora pretende se lançar nacionalmente. Confira a entrevista!
FONTE:WWW.INFONET.COM.BR
CD foi resultado do Prêmio Pixinguinha da Funarte
Depois de quase um ano de dedicação, a cantora e compositora Patrícia Polayne apresenta para o público sergipano o seu ‘Circo Singular’. Resultado do Prêmio Pixinguinha, promovido pela Funarte, este trabalho é 100% autoral e traz 11 músicas que traduzem o espírito maduro da artista. O disco foi produzido por Junior Areia, baixista da banda Mundo Livre SA, e gravado em Recife no estúdio ‘Fábrica’, onde já gravaram grandes nomes como Nana Vasconcelos, Cordel de Fogo Encantado, entre outros. Polayne acredita que com este trabalho em mãos está pronta para ir além das fronteiras de Sergipe. Nesta quarta-feira, 25, Polayne irá lançar o seu ‘Circo Singular’ no palco do Circo Estoril (em frente ao Shopping Riomar), na ocasião será gravado um DVD com apoio da Aperipê TV e o resultado será exibido no especial de final de ano da emissora. Nos próximos dias 27 e 28 a cantora apresenta seu novo trabalho na concha acústica da UFS e em Laranjeiras, respectivamente. Em entrevista ao Portal Infonet, Polayne fala sobre o ‘Circo Singular’ e a nova fase de sua carreira. Confira!

Portal Infonet - Por que a escolha do circo para lançar o CD?

Patrícia Polayne - Foi uma coincidência feliz. Não tinha mais pauta nos teatros. Eu tinha marcado pauta para outubro, mas houve um atraso na prensagem do CD e eu perdi essa pauta e não tinha mais vaga para novembro. Eu tinha solicitado o Parque da Sementeira, mas no último instante me negaram o espaço. Quando eu já estava sem esperança de conseguir local eu vi o circo ser montado ali e mais perfeito impossível já que o nome do projeto é ‘Circo Singular’. A adversidade me empurrou pro circo e ele me acolheu.

Infonet - O que promete o show?

PP – Acredito que as pessoas vão se surpreender com minha nova postura. O Junior Areia deu uma cara muito pop para as canções, um encaminhamento muito mais contemporâneo, mais moderno. Muita gente ainda tem uma visão sobre mim que vem de ‘Camará’ [música vencedora do Canta Nordeste em 1996]. Me vêem como uma artista intimista e vai se surpreender porque eu vou mostrar um show bem pop. São estilos bem diferente. É um show dançante com formação de banda de rock, com baixo, guitarra bateria.

Infonet - E essa é a proposta do CD?

PP – O CD é uma mistura, é bem verão. Mas além de músicas dançantes traz momentos de ciranda, de reflexão. No apanhado geral é um disco pra cima.

Infonet – Como foi o processo de gravação deste seu primeiro CD?

PP – Eu tive que me desvincular totalmente da minha vida em Aracaju. Morei em Recife durante dois meses e já cheguei para gravar direto. Foi concebido tudo dentro do estúdio, o processo criativo, processo de produção do disco em si foi tudo feito lá.


Cantora afirma que agora pretende se lançar para um grande mercado
Infonet – Por que ‘Circo Singular’?

PP – É o nome de uma canção, mas é também o nome de todo um conceito. Quando fui embora de Aracaju em 2002 vivi uma vida mambembe durante quatro anos, fiquei viajando pelo Brasil fazendo performances, me batizei como palhaça, aprendi a fazer malabares, foi essa trajetória que me trouxe essa atmosfera. Quando parei pra pensar num conceito geral para esse disco só me veio esse da vida mambembe. E o disco traz um subtítulo – ‘As canções de exílio’ – porque percebi que grande parte das canções fala desse sentimento. Apesar de falarem de coisas diferentes as músicas têm essa atmosfera do auto-exílio.

Infonet – Por que depois de tantos anos de carreira só decidiu gravar um CD agora?

PP – Eu queria me lançar como compositora e não para o mercado sergipano. Queriam me lançar para um grande mercado. Eu sempre fui muito exigente com a questão da maturidade artística. Eu agora me sinto pronta e casou com essa oportunidade de gravar com qualidade. É caro gravar um disco independente da maneira que a gente quer gravar, então quando eu ganhei esse prêmio decidi colocar o dinheiro nas mãos e quis fazer um produto não para dar uma satisfação local, mas para me lançar num mercado grande.

Infonet – Quais os próximos passos?

PP - Estou levando o disco pra Feira de Musica Brasil em dezembro, onde vou fazer uma participação com a banda Naurêa. Lá também será anunciado os vencedores do Festival de Música da Arpub, que estou entre as finalistas e também recebi uma proposta da fábrica onde prensei meu disco, a ‘CD Mix’ para fazer um pocket show no estande que eles vão montar lá. A feira vai coroar na verdade a produção do disco, a participação com a Naurêa e o Festival. O legal é que Recife abre e fecha um ciclo. Abre quando vou para gravar e fecha com o retorno para mostrar o resultado.

Infonet – Depois da feira o que pretende fazer?

PP – Quando você grava um disco o mais complicado é como distribuir. A batalha agora, depois do disco gravado, é pela distribuição. Como a Feira é de negócios da música, talvez alguma coisa esteja me aguardando, ou talvez não. Aí vou ter que assumir a postura independente, colocar o disco debaixo do braço e ir para as grandes cidades, como o Rio e São Paulo. Mas não tenho o deslumbramento de retirante, daí a minha preocupação de gravar um disco de qualidade. Eu sei que estou competindo num mercado cada vez mais exigente.

Infonet – Depois de mais de 10 anos de carreira, por que só agora lançar um CD?

PP - Quando você começa, mesmo que um pouco mais tarde, mas começa bem, já sabendo o que quer você tem menos chance de errar e queimar seu filme. Esse foi um dos grandes argumentos que usei na proposta do Prêmio Pixinguinha, que apesar da minha idade não tinha cometido erros de lançar discos equivocados. Apesar dos 34 anos tenho o mesmo vigor que aos vinte e poucos, mas sem os equívocos. É algo que acho que está totalmente ao meu favor. Hoje sou madura, feliz, e não tive tempo de ser decadente.

Infonet – Como está sendo essa sua nova fase?

PP – Estou feliz da vida. É uma fase de realizações. Esse primeiro disco era muito cobrado e ele chega num momento que pode surpreender para o bem o para o mal. Muita gente pode não gostar da nova ‘Polayne’. Mas uma coisa é certa, ele é muito verdadeiro. Estou vivendo meu momento.

Por Carla Sousa

Patrícia Polayne é sergipana, mas passou grande parte da vida no Rio de Janeiro, onde estudou artes cênicas e dança. Mudou-se para Aracaju em 1995, iniciando carreira como cantora em bares e casas noturnas da cidade. Em 1996, vence o Festival Canta Nordeste da Rede Globo Recife, nas categorias de melhor canção (com "Camará", de sua autoria) e de melhor intérprete. Participa ainda de diversos festivais de música pelo Brasil entre os anos de 1997 e 2002. Produziu diversas trilhas sonoras para teatro como: Baal, de Bertolt Brecht e O Casamento Suspeitoso, de Ariano Suassuna. E também trilhas para cinema, como os curtas: “Acorda!”, de Igor Barradas e “Avenca”, de Raphael Borges e Alessandra Sampaio. Em 2002, experiencia a vida mambembe, quando passa a viajar pelo Brasil com uma trupe de palhaços, durante quatro anos. Aprende a arte da pirofagia e da palhaçaria, e técnicas de malabares. De volta à Aracaju, em 2005, vence o Prêmio Banese de Música, nas categorias de melhor canção (com “O Circo Singular”) e de melhor intérprete. Em 2006, participa, como atriz e figurinista do curta ficcional, de inspiração surrealista “Epiphanie”, da diretora Gabriela Caldas. O filme vence todos os prêmios no Festival Luso-Brasileiro de Curtas Metragens, Curta-SE. Em agosto de 2007, o clipe da canção ‘Para o Infinito’, de sua autoria é classificado para o Festival de Cinema de Santos. Comunidade no orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=13222024

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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Itaú Cultural convida

Seja repórter da Continuum

A revista Continuum Itaú Cultural (www.itaucultural.org.br/continuum) amplia sua interação com o público e lança uma nova seção, que começará a fazer parte da publicação na edição de janeiro-fevereiro, cujo tema é Samba.

Público alvo: universitários graduandos de todos os cursos. Inscrições gratuitas.

Trata-se da seção Deadline, um espaço reservado para que graduandos de todo o país possam realizar uma reportagem. A cada edição, a revista vai publicar uma Convocatória com explicações para que o candidato envie seu projeto de reportagem para a análise da Comissão de Seleção. Apenas um projeto será selecionado por edição, e a redação vai acompanhar a realização da reportagem. Vale ressaltar que a seção é aberta a alunos de todos os cursos e de todas as universidades do país.

Prêmios de incentivo: além de ver seu texto publicado na revista Continuum (distribuição nacional), o repórter aprendiz receberá 300 reais pelo trabalho.

Prazo limite para envio do projeto: até 19 de novembro de 2009. Apenas 1400 caracteres (01 lauda).
Período de seleção: até 24 de novembro de 2009.
Divulgação do projeto selecionado: 24 de novembro de 2009.
Período de envio de documentos (somente para reportagem selecionada): até 30 de novembro de 2009.
Data-limite de envio da matéria jornalística concluída: até 10 de dezembro de 2009.

Acesse www.itaucultural.org.br/continuum, confira as características do projeto de reportagem na convovatória, leia atentamente o regulamento, veja e preencha a ficha de inscrição. Dúvidas? envie para participecontinuum@itaucultural.org.br .

informações básicas e preliminares:
- O descritivo do projeto da reportagem deverá ter no máximo 1.400 caracteres (01 lauda).
- O descritivo do projeto deverá ser enviado para o e-mail participecontinuum@itaucultural.org.br. No mesmo e-mail o candidado deverá anexar a ficha de inscrição em arquivo separado no formato word. No campo assunto do e-mail deverá constar: Regulamento Ação Deadline – Pauta: Samba

contato: itaucultural@comunicacaodirigida.com.br | Tel 11 8405-4664

terça-feira, 10 de novembro de 2009

domingo, 8 de novembro de 2009

Nosso corpo nos pertence! Repúdio a violência na UNIBAN!

Nosso corpo nos pertence!


Desde os anos 70 a bandeira “Nosso corpo nos pertence” tem sido eixo central do movimento feminista. É uma bandeira direta: queremos ter autonomia para exercer nossos desejos! Questionamos a imposição de padrões de beleza, o controle exercido pela família, pelo Estado ou instituições religiosas sobre nossos corpos.

Somos constantemente representadas nos meios de comunicação, e na publicidade em particular, num padrão perfeito. Jovens, loiras, magras, altas, cabelos longos, etc. A consequência disso é um país em segundo lugar no ranking de cirurgias plásticas, aumento de jovens sofrendo com transtornos alimentares, aumento no número de cirurgias de redução do estômago.

Somos ensinadas a buscar um padrão de beleza, a seguir a moda do momento e a estar preparadas para qualquer “situação de emergência” que aparecer. O estilo de vida da super-mulher, aquela que é mãe, profissional, mulher gostosa 24 horas por dia é vendido como se fosse a conquista da independência da mulher na nossa sociedade.

Essa visão liberal de nossa bandeira encobre, na realidade, uma ideologia que naturaliza as relações sociais de poder em tudo que envolve reprodução e maternidade.

E a hipocrisia é uma das coisas que vem junto a tudo isso.

O ocorrido na UNIBAN do ABC, em São Paulo, na semana passada é um exemplo explícito disto tudo. Na mídia nos dizem todos os dias que a mulher ideal é a mulher gostosa. A moda dita que a grande tendência do verão serão os vestidos, em sua maioria, curtos. Atrizes, modelos são vistas todos os dias em comercias, novelas usando a tendência da estação. Mas, quando a jovem tenta seguir a ditadura da moda a qual é submetida sofre pressão violenta da sociedade e é taxada de vagabunda.

O pior de toda a situação é que o espaço no qual a jovem sofreu violência foi numa universidade! A Universidade que deveria ser um espaço privilegiado do diálogo, do exercício democrático e da civilidade.

Para combater estas atitudes e contribuir para a organização das mulheres na sociedade é preciso muito mais que uma nota de repúdio ao ocorrido na UNIBAN.

É preciso uma política permanente das entidades estudantis nas universidades na luta contra o machismo! A organização de núcleos, grupos de mulheres nas universidades que façam debates com o conjuntos dos estudantes, organizem campanhas contra a violência e exposição das mulheres nos trotes, que façam a luta pela participação das mulheres nos espaços de poder e que também defendam núcleos e fomento de pesquisas das relações de gênero é uma ação necessária e que se mostra urgente.

As bandeiras da participação e do protagonismo das mulheres e da defesa da autonomia sobre os nossos corpos devem ser eixo central dessa organização.

A luta contra o machismo e pela emancipação das mulheres deve ser feita todos os dias e em todos os lugares.

Contra a hipocrisia e a violência: Nosso corpo nos pertence!



Coletivo ParaTodos – Construindo um Novo Brasil

www.uneparatodos.blogspot.com




--
Juliana Borges
(11) 95058408
Diretora de Comunicação da UEE-SP
coord. municipal de organização da JPT-SP
ParaTodos - Por um Movimento Estudantil do tamanho do Brasil!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O CHAMADO CULTURAL

CLICK EM CIMA PARA AMPLIAR A IMAGEM

Os sinais estão lançados. Antes da tenebrosa sexta-feira 13, um chamado irá balançar um dos centros pensantes de Sergipe. O CHAMADO CULTURAL, nesta quinta- feira, 12 de novembro, acontecerá no Resun – Restaurante Universitário da UFS (Universidade Federal de Sergipe). Oficinas, dança, teatro, cinema e apresentações musicais.

A idéia surgiu através da reunião de um núcleo formado por alunos do curso de Produção Cultural, promovido pelo Sesc. Essas cabeças pensantes decidiram colocar “a mão na massa” e fazer um bolo cheio de ingredientes artísticos da produção sergipana. O CHAMADO CULTURAL acontece também em momento de efervescência cultural da V Mostra Experimental de Artes Visuais que movimentará a produção artística acadêmica durante a semana na universidade. O evento recebe apoio do Sesc, IRZ Design e parecerias com o Cenart (Centro Acadêmico de Artes) e Proest (Proreitoria de Assuntos Estudantis) da UFS.

Confira a programação:

16h – Oficinas Culturais:
Dança Contemporânea
Teatro

17h30 – Performances de Dança e Teatro
Homens e Caranguejos
Brincando
Uma vez, O Amor

18h – Roda de Danças Circulares

18h30 – Exibição de Curtas
Herdeiros do Forró
U -507
Aboio e Toada – Poesia de Vaqueiro

19h – Shows
Mulungada
Laboratório Mental

Contatos:
9988 9599 (Nuccia) / 9976 4189 (Gabriela) /8801 -7868 (Thiago Paulino)
ochamadocultural@gmail.com

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

RACISMO EM ARACAJU!!!

Escândalo de médica vira caso de polícia
Publicada: 03/11/2009 às 17:03:55
JornaldaCidade.Net

Aracaju (3 nov) - Membro do Movimento Negro Unificado, da Sociedade Omolàiyé e o Coordenador de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial do Governo de Sergipe, Pedro Neto, estiveram reunidos hoje pela manhã com a coordenadora do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), Georlize Teles, para falar sobre o caso de Diego José Gonzaga dos Santos, funcionário de uma empresa área que foi agredido verbalmente pela médica Ana Flávia Pinto, no aeroporto de Aracaju, no último dia 26.

O fato aconteceu por volta das 4h30, após a médica e o marido terem sido impedidos de embarcarem no voo por estarem atrasados. A equipe de reportagem do JORNAL DA CIDADE conversou ontem com Diego por telefone e ele disse que quando o casal chegou ao aeroporto o avião ainda estava no pátio, mas já com as portas fechadas para a decolagem. “Expliquei que eles seriam encaixados para embarcar no voo da tarde, mas ela queria embarcar naquele voo”, disse Diego.

Revoltada por ter que atrasar a lua-de-mel com destino a Argentina, a médica invadiu o balcão do check-in e chamou os funcionários de 'bando de analfabetos', 'morto de fome que não tem dinheiro nem para comprar feijão' e arrematou com um preconceituoso 'nego'. Segundo Diego, a polícia já tinha sido acionada pela Infraero por conta de uma confusão anterior, também com um casal que não pôde embarcar porque a mulher informou estar grávida de sete meses, mas não tinha a autorização médica para viajar, conforme as regras aeroportuárias.

O vídeo da confusão, que foi postado no site Youtube no dia seguinte, já tem mais de 100 mil acessos e, segundo a delegada Georlize Teles, será utilizado como prova. “Todas as provas são fundamentais, mas o vídeo é uma boa prova. Acredito que a perícia não será necessária”, informou Georlize. A previsão é que o inquérito policial seja concluído em um prazo mínimo de 30 dias. Enquanto isso, os internautas aumentam a fila de comentários abaixo do vídeo que comprova toda a confusão, dando opiniões sobre o ocorrido e até detalhes sobre a vida da médica. Ontem à tarde a equipe de reportagem do JORNAL DA CIDADE entrou em contato com Ana Flávia. A médica atendeu a ligação, mas falou que não vai prestar nenhum tipo de depoimento, pois fora orientada por seus advogados a não se pronunciar sobre o caso. Ela nem mesmo disse se foi ou não para a lua-de-mel.

Reportagem completa no Jornal da Cidade desta quarta-feira, dia 04/11/2009.

O buraco da democracia cultural

Leonardo Brant
fonte: http://www.culturaemercado.com.br/ideias/o-buraco-da-democracia/


30 outubro 2009 11 Comentários


As Conferências de Cultura expõem de maneira impiedosa a fragilidade das metodologias de participação cultural, denunciando nossa precária democracia. Por outro lado, exercita nossa capacidade de organizar, participar, mobilizar, articular e definir os rumos da política cultural nacional. Novos métodos e tecnologias de diálogo precisam ser criados, pois os que existem são de tempos (ultra)passados.
Participar democraticamente da construção da agenda política nacional é algo tão distante da vida dos brasileiros, que se formaram e se desenvolveram como seres humanos, políticos, culturais, à sombra da ditadura, das elites, oligarquias e do Jardim Botânico, que simplesmente ficamos perplexos diante das novas possibilidades criadas a partir da presença indelével de um líder como Lula no poder.

Algumas reflexões sobre esse processo precisam ser feitas. A primeira delas é a construção da pauta. Esse processo precisa ser construído a partir de fóruns, redes, articulações e precisa ser descentralizado. Não dá para trabalharmos com pautas, por melhores que sejam (e o conteúdo da proposta do MinC é realmente bom), para não corrermos o risco constante do dirigismo.

As metodologias de eleição e validação de delegados e participantes dos processos decisórios é outro assunto de extrema importância. Ainda guardamos vícios do sindicalismo, necessário e importante, mas que não pode ser aplicado às lutas culturais, sobretudo por não termos um tipo de organização que legitime uma representação por grupos de poder, ou mesmo de resistência. Não quero minimizar a importância desses grupos, mas também não posso deixar de alertar para o risco que corremos de sobrepor o interesse de minorias organizadas, que se ocupam de brechas do nosso frágil sistema representativo.

Por último, quero apontar o risco da subordinação à agenda eleitoral. Sinto falta de uma contrução e um diálogo permanente entre as instâncias de construção das políticas culturais. O Conselho Nacional de Política Cultural deve manter contato permanente com os delegados, por meio de instrumentos de conversação e rede. Há uma inversão completa nesse processo. O CNPC está subordinado ao gabinete do MinC quando deveria ser um conselho superior, escolhido e atuante a partir das demandas dos delegados, que por sua vez, deveriam surgir dos conselhos municipais e estaduais de cultura.

Este abandono e descaso com o alinhavar das instâncias de participação e construção democrática formam buracos enormes, que se tornam intransponíveis à medida que o poder executivo trabalha para criá-los e ocupá-los. E todo o processo de construção das conferências corre o risco de tornar-se mero instrumento de manobra político-eleitoral.
. Sobre "Leonardo Brant " http://www.brant.com.br

Pesquisador e consultor de políticas culturais. Presidente da Brant Associados, autor do livro "O Poder da Cultura", entre outros. Documentarista, diretor de "Te Están Grabando". mais

11 Comentários »

Carlos Henrique Machado Freitas disse:
Leonardo
Hoje, por acaso, Volta Redonda fará essa conferência. Li o documento e confesso-me aflito. Concordo com grande parte do que você escreveu. A questão do sindicalismo e a cultura, creio ser uma questão que pode, através de um pensamento mais abrangente, quebrar dois pactos de uma só vez e, daí nascer uma fusão bem mais ampla. Nesse caso a cultura passaria a ser menos elitista e, por conseguinte, mais vigorosa, e o sindicalismo construir um pensamento mais extenso de país. Os dois teriam que se despir de alguns vícios. A cultura com a sua elaboração de castas, de dinastias, de colonialismo; e o sindicalismo, da sua organização estrutural que normalmente se une por uma pauta mais imediata.
Vejo com bons olhos e até como necessidade fundamental a ampliação crítica que esses dois universos podem gerar para a democracia cultural brasileira.
Não tenho essa preocupação quanto ao dirigismo político, mas sim com o dirigismo social. Os termos do estatuto do SNC estão carregados de neologismos contemporâneos e, em alguns momentos, precisamos recorrer aos espíritos de luz desencarnados para dar sentido a certos conceitos. Mas estaremos hoje lá tentando entender melhor antes de formular um pensamento. Não sei se serei capaz de compreender toda essa complexa questão.
Observando a sua citação sobre Lula, acho que o que assusta ceertos setores da sociedade, principalmente a imprensa, é a capacidade que Lula tem de formular um discurso direto e extremamente funcional para elevarmos a nossa autoestima e carregar para o futuro essa gigante expectativa que vivemos hoje de um país próspero, sobretudo com outra lógica social.
Abraços.
.# 30 outubro 2009 as 13:40

Nany Semicek disse:
O que pude conferir ao vivo e a cores na Conferencia Municipal de Cultura de São Paulo realmente foi assustador. Não me assustei com metodologias ultrapassadas e ineficientes propostas, mas sim com o comportamento da “sociedade civil” presente. Aclamamos tanto por espaço para sermos ouvidos e quando esta oportunidade nos é dada, vejo representantes da “cultura nacional” se transformarem em bichos.
É muito cômodo falar mal dos governantes, das tentativas, dos métodos (normalmente com ranço de 20 anos atrás) e ao invés de discutir políticas públicas (que era o objetivo) emperram a simples votação de regimento por 1 dia e meio – entre outras barbaridades.
Estou chocada com a falta de informação, educação e ética daqueles que cobram da outra ponta que as decisões sejam feitas com seriedade. Como disse Hamilton Faria no encerramento: eu não gostaria de ser governados por estas pessoas, são mais autoritárias do que aqueles que criticam.
.# 30 outubro 2009 as 17:17

ricardo disse:
O filósofo alemão Schelling, entende como o fundamento da tragédia o conflito existente entre a liberdade e a necessidade. É na liberdade que ele vê o sentido humano, a própria essência do eu, enquanto na necessidade objetiva encontra a passividade do ser. Saber que há um poder que ameaça aniquilar nossa identidade e ainda assim lutar contra ele é o que gera a amplidão trágica, a permanência desse conflito, o sentido da vida. O jeito como as pessoas se locomovem, o modo como se alimentam, se vestem, o tipo de moradia, a aptidão para o trabalho, tudo é cultura. Tudo deve ser organizado para que a sociedade possa progredir, isto é uma necessidade. Entre os mais variados setores que estruturam a vida em comum, cabe a arte o exercício da liberdade plena, pois, sua matéria prima, brota das vísceras do imaginário. Suas margens são limitadas pelo real, mas seu campo de atuação é o ilimitado, o nunca visto. Esse sentido de ampliação deve ser preservado pela sociedade, para não correr o risco de sermos aniquilados por aquilo que deveria ter sido a nossa salvação.

Esta semana aconteceu em Porto Alegre um Seminário sobre o Sistema Nacional de Cultura, determinante para que possa ser entendido do que se trata este desejo de estabelecer um plano nacional de cultura. Na semana que vêm, ocorrerá uma série de pré-conferências, que prepararão a Conferência Municipal de Cultura, que fará parte da Conferência Estadual Cultura. O artista deverá se transformar em um delegado para ter voz. São diferentes os mecanismos da arte. Ela não busca respostas, a arte problematiza. Esta enorme mobilização teria um efeito muito mais concreto se invés de inventar um sistema, fossem criados meios que levassem a percepção do que já existente e aí sim, proporcionar condições de fomento. Organizar é, sem dúvida, uma necessidade. A necessidade da arte, no entanto, é a liberdade.
(publicado no jornal Correio do Povo, dia 17/10/09)
.# 31 outubro 2009 as 9:43

André Luiz Mazzaropi disse:
A Cultura Brasileira e as conferencias municipais

Completo neste sabado de sol, no vale do paraiba, interior do Estado de São Paulo, mais precisamente na cidade de PARAIBUNA - SP, 1.564 isto (Um mil, quinhentos e secenta e quatro) apresentações do meu show TEM UM JECA NA CIDADE com André Luiz Mazzaropi - O Filho do Jeca; que é um monologo comico musical escrito e apresentado pelo meu pai Amácio Mazzaropi, por mais de 51 anos, alem da Mostra de Cinema Mazzaropi que precede meus espetaculos, não por ser filho de quem sou, mais pela experiencia com a atividade cultural brasileira; iniciada em 10 de Setembro de 1.983; dois anos após a perda do meu pai Mazzaropi.
As Conferencias Municipais que tenho acompanhado, algumas visto e outras participados, inicia com certesa uma nova era na cultura publica brasileira, pois a cultura do Brasil, não nasce em Brasilia e sim no inteior do pais; tenho eu certesa que a discução municipal se tornará estadual e nos proximos anos tomara das mãos incapazes de promover cultura de Brasilia; se este pais tiver juizo, as conferencias municipais se tornarão nos proximos anos obrigatoriamente a formação do conselho nacional de cultura e dai pra frente termos uma definição do que é cultura e de como se faz cultura publica, coisa que Brasilia, não sabe até hoje.
Com uma nova formação do Conselho Nacional de Cultura, formado por dirigentes municipais de cultura; ai sim poderemos acabar de vez com esta famigerada Lei Rouanet, que desde que instituida até os dias de hoje vem previgeliando artistas de televisão de ambito nacional em detrimento de artistas populares da cultura do interior do Brasil.
Com nova formação do CNC será possivel termos uma PEC como a PEC 150 APROVADA para que o pais possa ter um orçamento obrigatorio nacional, estadual e municipal de cultura.
Parabens ao Ministro da Cultura Juca Ferreira, que depois de anos de vacilo da cultura nacional, colocou em discução a Lei Rouanet, tenho eu a certesa que esta discução vai leva-lá a extinção para o bem da cultura brasileira; pois é muito facil para as empresas que investem em cultura atravéz desta lei, fazer publicidade propria com o meu, o seu dinheiro, dinheiro publico do imposto de renda devido, dinheiro dos brasileiros, quero ver Petrobras, Itau, Eletrobras, Bradesco e tantos outras empresas fazer cultura com recurso próprio.
Meu pai levou aos cinemas brasileiros, quando eles existiam, mais de 200.000.000-(Duzentaos Milhôes) de publico pagante sem nunca precisar de um centavo do governo brasileiro. abraços a todos, como dizia aquele barbudo que conhecemos… A luta continua companheiros…
André Luiz Mazzaropi - O) Filho do Jeca
http://www.andreluizmazzaropi.com.br
(12)3022.1017 - 9714.2853.
.# 31 outubro 2009 as 13:37
Fique por dentro Cultura » Blog Archive » :: CULTURA E MERCADO :: o blog das políticas culturais. » Blog … disse:
[...] participar, mobilizar, articular e definir os rumos da política … fique por dentro clique aqui. Fonte: [...]
.# 1 novembro 2009 as 7:49

Marcos disse:
Concordo bastante.
Acontece que a mobilização permanente, na prática demanda uma profissionalização “tipo sindical”, com seus vícios e limitações corporativas, pois até mesmo para ir a reuniões em Brasília é necessário arcar com os custos. Por conta disto, têm prosperado aquelas iniciativas em que o Estado convoca e paga os gastos: as conferências, os seminários, etc. E a agenda do Estado, mesmo ressalvando as boas intenções e ações esporádicas, segue a lógica de um projeto político-partidário; portanto acentuou-se em tempos pré eleitorais e arrefeceu em tempos pós eleitorais. Trouxe agendas de interesse deste projeto e deu pouca ou nenhuma importância às agendas alheias a este projeto. Por outro lado a parte da sociedade que está mobilizada têm sido tendenciosa e cúmplice de práticas de cunho mais clientelista, em meio a outros avanços que também ha que reconhecer. Portanto é fundamental aprofundarmos o olhar crítico a este processo ao mesmo tempo que é preciso defendê-lo, pelo que representou de conquista da sociedade brasileira no esboço de uma possível Política de Estado a ser estabelecida no marco das leis e instituições.
.# 2 novembro 2009 as 12:18

Leonardo Brant (autor) disse:
A selva está cada vez mais perigosa. E esses mecanismos de participação exarcebam isso pq são frágeis, insuficientes, preguiçosos. Todos já sabemos que a Conferência não pode ser organizada dessa maneira, às pressas, para atender interesses e demandas eleitoreiras. E que o tempo destinado às discussões será sempre insuficiente. Precisamos qualificar a participação e criar processos mais maduros de participação, permanentes, articulados. E que e Conferência sirva apenas para consolidar pautas previamente levantadas, com metodologias discutidas, incorporadas, azeitadas pelo uso. Eu participei como palestrante de algumas conferências pelo Brasil. Estou chocado com a falta de compromisso com a coisa pública. Concordo com você, Nany. A responsabilidade é toda nossa. Se assistirmos a isso tudo impassíveis continuaremos a colher os frutos eternos da ditadura encrustrada em nossa maneira sub-cidadania.
.# 2 novembro 2009 as 13:00

Sergio Sobreira disse:
Fui convidado para atuar como debatedor na Conferência Municipal de Salvador. O convite veio às pressas (quase na véspera). Apesar de estar em cima da hora, aceitei acreditando que a causa era justa e o espaço nobre. Decepção!
O que vi foi um democratismo de quinta. Após as falas da mesa (o palestrante central, eu e outro debatedor), o que se seguiu foi uma festival de asneiras e barbáries, gente tomando microfone da mão de outro, gritos, empurrões, discursos gritados e datados, palavras de ordem promovendo a desordem, enfim, nada que efetivamente pudesse ser lido, considerado, apropriado como debate.
Estava claro que muitas das pessoas não sabiam o que estavam fazendo ali. Uns tinha ido na esperança de ver-ouvir anúncios de verbas e mudanças, outros só queriam se promover, alguns erguiam palanques para tirar proveito eleitoreiro sórdido, outros tantos choravam as pitangas de sempre.
Por mais que a dimensão apolínea - da forma, do trabalho, da organizaçao - tenha dificuldade de entendimento e interseção com a dimensão dionísiaca - da arte, da criação, da expressão, portanto livre, irreverente, apaixonada - ainda assim quero crer que estes mundos são possíveis de conviver e dialogar. Antes, temos de aprender uns e outros os valores, os ritos, as pulsões de cada um. Só assim se construirá diálogos entre forma e conteúdo, entre impulso criativo e materialização de sonhos. Por enquanto, o que temos é apenas o simulacro, a enganação de que estamos todos (quem, cara pálida?) construindo juntos (quem mesmo?) a tal política pública de cultura.
.# 3 novembro 2009 as 0:45

Sumário disse:
Coincidência ou não - porque salta aos nossos olhos os equívocos ou pressa em fazer as conferências de acordo “a cartilha” - mas neste final de semana a Rede cultural Bahia ao extremo, uma rede de entidades culturais do extremo sul da bahia que existe há tempos, estava reunida e constatou a mesma situação expressa no artigo de Brant, em relação às conferências municipais e territoriais na Bahia. São diversas situações: uma ânsia de participar e processar mudanças por parte de muitos grupos/entidades culturais; muita gente que ainda não entendeu nada e fica de mão estendida pedindo o seu quinhão; os representantes do governo tentando acertar, atropelam processos e fica impossível compreender as realidades; Não existe metodologia e até os conteúdos são copiados de forma mal feita. Além disso, existem programas e editais na Secult que estão em atrasos e todos querem saber o que há, enquanto se espera uma discussão real sobre as possibilidades de construção de políticas de culturais dessa maneira. Por isso assinamos o artigo.
.# 3 novembro 2009 as 16:13

Renata Seixas disse:
A PEC da Música, que teve sua votação adiada duas vezes, irá, novamente, a Plenário AMANHÃ, DIA 04/11, A PARTIR DAS 16H, NA CÂMARA DOS DEPUTADOS!
Ainda há tempo de pedir aos deputados de seu Estado que votem a favor da Proposta. A lista de e-mail de todos os parlamentares está disponível aqui: http://www2.camara.gov.br/deputados/arquivo
A PEC, de autoria do Deputado Federal Otavio Leite, elimina os impostos sobre a música brasileira em qualquer suporte e qualquer formato: CDs, DVDs, MP3, downloads para celulares etc. O objetivo é reduzir impostos, valorizando a cultura nacional e ajudando no combate à pirataria.
Informe seus leitores, divulgue, mande e-mails aos deputados e pressione!
A direta participação de músicos, artistas, produtores e outros interessados no tema tem sido fundamental!

Maiores informações: http://www.otavioleite.com.br/pesquisa.asp?q=pec+da+musica
Twitter da PEC: http://twitter.com/pecdamusica
Twitter do Deputado Otavio Leite: http://twitter.com/otavioleite
.# 3 novembro 2009 as 16:24

clarissa disse:
Esse post me veio a calhar, uma vez que invoquei de fazer minha tese de mestrado justamente sobre Conferências Municipais de Cultura, e agora me encontro praticamente sem publicações sobre o assunto. Sem dúvida esse post, juntamente com seus comentários vão colaborar de alguma forma.

Que as Conferências Municipais são um ótimo instrumento, tanto de captação das demandas culturais como de participação social na elaboração de políticas públicas, não há dúvida. E atribuo o mérito da democratização das Políticas Culturais ao Governo Lula. Porém, é arriscado se pensar que as Conferências são um mar de rosas onde tudo fuciona como manda a cartilha, quando em minha cidade por exemplo, o cidadão comum tem qualquer conhecimento do que tenha sido a tal conferência. E os que por ventura participaram, não sabem o que foi feito dos resultados (e aqui acrescento: nada).
O instrumento existe, mas ele não faz política por si só. E fica a cargo de quem usufrui dele da “melhor” (e mais egoísta) maneira possível: elites locais e/ou grupos de interesse, que são incapazes de (ao menos tentar) apontar demandas e deliberações em prol da sociedade como um todo. Vemos agora um belo instrumento utilizado para legitimar (mal e porcamente) uma Política Cultural cheia de interesses e politicagens.
Lamentável…

obs.: se alguém porventura souber de alguma publicação sobre o assunto, por favor, entre em contato através do meu email.